terça-feira, 15 de novembro de 2011

Música

Há algum tempo senti necessidade de dizer sobre as músicas que compõem a minha trilha sonora. Algo que demonstrasse as vivências marcantes que tive e que tiveram uma música especial de fundo. Assim, sem mais nem menos. Talvez porque música pra mim é como o ar. Importantíssimo. O que não quer dizer que toco um instrumento. Até que tentei por algum tempo tocar violão, e apesar de ter ritmo e afinação percebi que aquela coisa de decorar as cifras das músicas não era minha praia. Parei de tocar quando meus dedos já tinham calos e já não doíam ao tocar as cordas. Gostava mesmo era de ouvir música. Lembro-me bem que quando fui morar fora de casa, lá em São Paulo, e depois em Belo Horizonte, quando a saudade batia (na verdade quando não é apropriado, mas hora sim e outra também), a primeira coisa que me ocorria era a necessidade de ouvir música. Na época, ela vinha de um rádio relógio que meu pai providenciou, antes de minha partida. Adoro ouvir rádio. Mas aquelas que mais tocam do que conversam. O que são poucas e raras no comércio atual. Mas, voltando à questão da trilha sonora, percebi que seria muito difícil listar todas elas, pois são mesmo muitas. Pensei então em  cerceá-las às dez mais, mas me embaralhei ao escolher quais comporiam esta lista. Decidi que seriam aquelas mais tocantes, que compusessem algo mais que simples músicas, algo primário e visceral: o som do vento num bambuzal...a chuva caindo lá fora... o canto do sabiá laranjeira, do canário chapinha, do melro, do pintassilgo... O chapinha começa a cantar de madrugada, entre quatro e meia e cinco horas e é muito gostoso de ouvir e perceber o sol chegando devagarinho, como se ele também estivesse com preguiça de levantar. Para os amantes do dia, é a hora primeira do amor, aquele pra começar o dia de bem com a vida... O sabiá canta muito a tardinha e é um canto bonito e tristonho, como se ele também se despedisse do dia e abrisse o caminho para a noite. O som desses seres alados e delicados evocam em mim os pés descalços na terra de minha infância, o vento balançando os cabelos, e a vontade louca de liberdade que eles vivem...Quanto a minha trilha sonora...voltaremos nela mais tarde. Mesmo.