Não sei não, mas a campanha eleitoral por essas bandas anda muuiito devagar. Para quem trabalha fora de casa o dia inteiro, não existe possibilidade de contacto pessoal com os candidatos, porque simplesmente não há comícios. Ninguém quis se arriscar a por a banda nas ruas durante a noite, porque, segundo dizem, ninguém vai a comícios. Se pudessem fazer Showmícios, aí sim, a conversa seria outra. Mas como a Justiça Eleitoral proibiu a realização desses espetáculos, ninguém quer mais se arriscar.. é muito caro, dizem uns e outros. Para quem vive condenado a um Presente Contínuo, sem ligação orgânica com o passado, sem nenhuma identidade humana, isso basta. E ponto final.
Porém... Por incrível que pareça, recordo-me da década de 70, no auge da ditadura, quando os raros momentos em que haviam eleições, a realização de um comício era esperado e aguardado ansiosamente por todos. Nesse raros momentos de democracia, quando era possibilitado ao povo se reunir para discutir política e escolher seus representantes, o comício era o point. Ironicamente, a campanha nos rádios e tv´s era um festival de mesmice: apenas a foto (3x4 em preto-e-branco, óbvio!), o nome do cidadão, o número e o grupo político -Arena ou MDB. Mais n-a-d-a. Já nos comícios... Os candidatos se esforçavam no discurso e na oratória para divulgarem suas propostas, numa disputa cara-a-cara com o eleitor. Então podíamos avaliar a melhor proposta, o melhor candidato, etc. Claro, sempre houve picaretas! Ás vezes, um lobo se escondia por trás de um belo discurso, de uma bela estampa. Mas era muito difícil as pessoas todas serem enganadas o tempo todo.
Também me recordo quando fundamos o PT e não tínhamos nem um tostão furado, apenas nossa convicção política, nosso ideal de uma sociedade mais justa e fraterna. Íamos durante o dia nas casas, panfletando e convidando as pessoas para participarem do comício a ser realizado à noite no lugar central do bairro. O comício era realizado apenas com a música dos majoritários e muito discurso político, na carroceria de um caminhão, com iluminação que não ofuscava ninguém, e os candidatos se mostravam para o eleitor, falando suas propostas para o mandato. As barraquinhas populares completavam o cenário. E então as conversas políticas, os acordos e os apoios aconteciam. As campanhas eram assim. Acredito que em vários lugares ainda são. Mas aqui, optaram por essa campanha água morna... Alguns carros de som, as caminhadas dos candidatos, em bloco, pelos bairros durante o dia, e...só! Se quisermos mais, consultemos o site do candidato na Internet. E quem não acesso fácil à rede? Campanha Fubá!
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