terça-feira, 25 de maio de 2010

Publicado na década de 1920, considero Martim Cererê, de Cassiano Ricardo, uma pérola de nossa literatura. Já disse aqui que seria muito interessante se, na minha adolescência o tivesse lido, mesmo se fosse indicado pelas professoras - o que todo jovem detesta, diga-se de passagem. Mas vamos saborear um pedacinho do referido livro ...
" I
A moça bonita, chamada Uiara, morava na Terra Grande.
Dizem que tinha cabelo verde, olho amarelo...
O mato é verde; pois os seus cabelos eram mais verdes. A flor do ipê é amarelo; pois os seus cabelos eram mais amarelos.
II
Então apareceu um homem de outra raça. Era branco, disse que gostava de luar e de guitarra. Marinheiro, viera cavalgando uma onda azul. Ouvira a fala da Uiara e não se fez amarrar, como Ulisses, ao mastro do navio, nem mandou tapar com cera os ouvidos aos demais companheiros; ao contrário, saltou em terra e ofereceu-se pra casar com ela.
- Não tem dúvida, só exijo uma condição: vá buscar a noite e eu me casarei com você. Sem noite,não...O sol espia tudo o que a gente faz; e vê tudo...pelos vãos das folhas." 

A partir daí, descortina-se todo um enredo extremamente plástico sobre a formação de nossa história. Fiquei e estou encantada. Recomendo a todos que gostam de ler, e até aqueles que não são chegados a essa atividade ao mesmo tempo solitária e repleta de companhia, que é a leitura de um bom livro. Em relação ao aproveitamento  nas atividades em sala de aula, como enriquecimento nas aulas de história, português, artes, são imensas as possibilidades... 

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