domingo, 29 de abril de 2012

Soltas no ar de um caderninho..

Tenho um amigo que também gosta de escrever. Ele é muito, muito engraçado, pois suas inspirações brotam a todo instante, como se ele vivesse em diversas frequências ao mesmo tempo: mantém uma conversa agradável...e dali a um momento, solta um verso, um texto inteiro, como num transe...Seus olhos faíscam nestes momentos....Depois, segundo ele me diz, esquece, e nunca consegue recuperar tudo aquilo que lhe apareceu tão  espontaneamente...Mesmo assim, ainda consegue registrar alguma coisa. Sugeri a ele que mantivesse junto a si um caderninho onde pudesse registrar esses momentos. Ficou de providenciar mas pelo que sei, até agora...nada. Então, penso que muitos vislumbres cheios de luz ainda se perderão por ai...

Dei o conselho pois eu mesma tenho um caderninho onde anoto as coisas que me encantam, ideias que dançam em minha mente e me inquietam. Essas anotações acontecem sem anúncio prévio. São um pouco de tudo o que vivencio e penso ser importante escrevê-las. Como um diário, que mantenho desde minha adolescência e que perdura. Mas agora, sem aquela insegurança juvenil, mas com ansiedade da, vamos dizer assim, maturidade. Se bem que maturidade...penso que nunca irei conseguir...Sinto-me tão ignorante de mim mesma, às vezes ...Ao relê-lo, percebo-me nas entrelinhas dessa colcha de anotações soltas e sem muito sentido...Aparentemente. 
"Quando imagino a minha casa, recordo-me da sensação de útero, retorno a um período de tranquilidade e aconchego. Lar. Cais. Porto. Estabilidade."


" - O que alucina na grande cidade é a possibilidade do anonimato...( frase de meu irmão, que mora em São Paulo)"
"Na estrada, surgem árvores retorcidas pelas chamas, queimadas. Não entendo o prazer que algumas pessoas tem em por fogo em algo tão belo e indefeso que é o mato."

"Saindo de São Paulo, vamos em direção a nuvens cinzas, carregadas de água. O calor indica que elas vão descer com força. Levas e mais levas de carretas, de todas as formas e tamanhos, também tomam o mesmo rumo. Minas fica no alto. Nas nuvens..."

"A escola é um espelho da sociedade..."
"Bandas novas e surpreendentes: Le Corbeu/ Mystic/ Gem Club/ The Middle East/ Bandee Trio"

"Nas artes japonesas encontra-se muito o conceito de MA. Esse fonema expressa algo como o vazio, a distância ou o espaço, mas um vazio no sentido potencial de expressão. É característico nas artes visuais japonesas deixar um respiro, um espaço em branco, um algo a mais a ser preenchido pelo observador..._Revista Língua Portuguesa/set/2011"
E por aí sigo anotando tudo aquilo que me toca. É um bom exercício.

4 comentários:

Caca disse...

Oi, Lilian, minha querida. que bom vê-la novamente! Devagarinho estou voltando.

Eu tenho esse hábito. Só que eu chamo de "meus papelim". Tenho uns no bolso, na carteira, no porta luvas do carro e na cabeceira da cama. Qualquer lembrança, observação ou insigth, não fica sem anotação. É, de fato , um excelente exercício e um tesouro ao mesmo tempo para a construção literária.

Um beijo grande. paz e bem.

PS: tem dois livros novos meus na área

Lilian Ferreira disse...

Que bom saber que está de volta, meu querido Cacá! Adoro ler você!

Caca disse...

Oi, Lilian. Obrigado pela visita, minha querida. Que dia vamos poder nos ver nesta nossa terra querida?

Beijo grande. Paz e bem.

Lilian Ferreira disse...

É só você me dizer...Uai!