Por quase onze anos, devido a questões muito pessoais, não participei dos Festivais de Inverno... Mas este ano resolvi que não perderia nenhum evento. Consegui ir a shows memoráveis: Babi Jaques e os Sicilianos foi sensacional. Kiko Klaus, Cobra Coral foram estupendos. Os que se apresentaram no Paredão, sabíamos que eram bons, mas, a qualidade da sonorização deixou-nos muito irritados, pois não conseguíamos entender o que os cantores cantavam. Uma lástima! O Bar do Deli ficou lotado de amigos que não via há um bom tempo...
Dancei muito na Matinada, ao som de excelentes bandas: DR80, Mudrond, Vil Metal, Pepeu Gomes, Tianastácia...Maravilha. Voltei, por alguns instantes, ao meus 15, 16 anos. Nunca se tocou tanto os anos 60, 70. Impressionante. Fiz várias reflexões sobre esse estado em que falamos, instintivamente, no meu tempo, quando nos referimos a algo muito bom que nos aconteceu, como se agora fosse um tempo que não nos pertencesse, e que é pior. Como se nada mais fizesse muito sentido hoje. Daí que, esse no meu tempo quer mesmo dizer quando era jovem fisicamente. Porém, considero meu tempo agora mesmo. E a música, essa atividade que nos transforma e religa ao que há de mais humanamente divino e sagrado na vida, consegue essa proeza. Como ficar imune ao som de uma guitarra quando sola um Zeppelin, um Stone, um Doors, um Hendrix? Penso ser praticamente impossível. Amei todos os shows que participei.
Mas... Poderia ter ido a mais, não fosse uma agenda, pra mim, maluca. Teve noites em que havia dois espetáculos quase no mesmo horário e em lugares diferentes. Trevoso! Imagina que colocaram uma apresentação de música barroca num templo evangélico! Credo. Nada contra. Mas estranhei...Ou será que não devia?
Uma coisa que não consegui escapar foi da mania que temos de comparar períodos. Quando os festivais de inverno começaram em nossa cidade, há 37 anos, toda a programação de shows e teatros rolava no palquinho do Colégio Nossa Senhora das Dores. Era então o início dos anos 1970. Vi shows memoráveis: Marília Medalha, se não me engano O Têrço (foi a primeira vez que escutei As criaturas da noite e, viajei...), 14bis, Beto Guedes, Bedengó, Tarancón e muitos outros. Peças teatrais com textos do Bertolt Brecht, Cobra Norato. Esse espetáculo muito me surpreendeu por conta do jogo de cores ressaltadas pela utilização de luz negra. Hoje, isso é banal, mas naquela época...Mas mais que todos os espetáculos assistidos, o que ficou na lembrança e é o que propicia mais saudade era que íamos assistir, participar dos eventos num lugar aconchegante, quentinho. Depois sim, butecos mil até altas horas. E ás vezes, outras cositas mas. Puro deleite. A ideia de se construir um centro cultural em Itabira surgiu nesse período, pois ficou constatado que havia público e a necessidade de um espaço mais confortável e adequado para tal.
Shows como os que aconteceram no estacionamento da Fazenda do Pontal seriam muito melhor apreciados se tivessem ocorrido no teatro da Fundação. E as peças de teatro apresentadas na praça Acrísio? Todos excelentes para serem curtidos atentamente e depois comemorados em rodas de conversas regradas a vinhos e mesmo cervejas. É que os festivais permitem reencontros de amigos e encontros novos. Ao povo de Itabira: o teatro da Fundação é nosso. Que ele seja melhor aproveitado e que as autoridades deixem de lado o medo do povo e abram finalmente as portas do teatro para espetáculos de boa qualidade. Nós merecemos! No encerramento, aí sim, na Concha Acústica, fomos brindados com a Lúdica Música. Ficou com gostinho de quero mais. Muito mais.
Um comentário:
massa, nosso tempo, é o tempo em que estamos vivo! E quanto o festival curti muito tbm, a tempo n curtia tão bem minhas ferias como curti essa.
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