domingo, 8 de julho de 2012

Então ela percebeu que nessa história não havia espaço para brincadeiras...E lhe veio a impressão de que o que não se pode tocar é de uma realidade atroz...! Não tocamos o amor, não pegamos o ódio, não cheiramos a alegria ou a tristeza...Somos feitos disso! O que nos move, o que nos paralisa depende  do que nasce no íntimo de nós e de nossa relação com o outro. E essa relação acontece a partir da capacidade de reconhecermos quais chaves  abrem  nossas  portas internas, que permitem tais relações... E aí, era  muito sério o que percebeu: ela tem  dentro de si uma trilha, que apesar de lhe proporcionar imenso prazer, rapidamente se transforma em dor. E que por várias vezes ela a percorreu. A mesma sensação de prazer, a mesma sensação de dor....Mas não lhe passava pela cabeça ser masoquista...Não. Não gostava de sentir dor. Pelo contrário!  Mas tudo o que mais queria sempre lhe escapou como água a escorrer pelos dedos...Seu desejo, ou melhor, o que a levava a continuar  existir concretamente, a conduzia a nada, a uma imensa sensação de vazio. Cada vez mais lhe fazia sentido que o nada, o não existir é que realmente era concreto...Aquele sentimento que foi identificado como amor, vital, que dá a sensação de completude, para ela era tão fugaz, que percebeu também ser  utopia. Apenas um leve roçar em sua alma tão só e apagada...No entanto, era por ele que vivia, como a raiz de uma planta a buscar água, como o pássaro a necessitar o ar...O não existir, o vazio,  lhe era  real...O amor lhe era utopia... Utopias existem lá, além, num lugar inacessível ao que era agora...Um outro sentimento assumiu-lhe a mente: era uma pessoa profundamente, estupidamente distraída...No fundo, ela realmente não queria estar onde estava...Queria o sonho!

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