"Esta decidido: quero morrer. Assim, sem exclamação, interrogação, reticências ou qualquer sinal outro que levante dúvidas sobre minha imperativa decisão. Quero desfazer-me de mim. Estou cansada. Preciso parar em definitivo. Chega. Basta. É um cansaço imenso de sempre ter que explicar-me a que vim. Não vim. Abri os olhos e vislumbrei uma janela entreaberta e decidi ir ficando. Mas cheguei ao meu limite nesse mundo. O que posso fazer? E já sei como fazer para que desfazer-me. Não falo. Emudeço-me. Se no princípio era o verbo, o fim é o não verbo. Nada de palavras. Nada de gestos. Nada de olhares. Nada de toques. A partir de agora serei apenas corpo a vagar até que um dia a Terra me absolva e livre-me de mim.
Por mais que peçamos, os mortos jamais retornam. Nem cheiro, nem um sopro dos seres que circularam cá. Isso é muito bom! Dívidas, doenças, vícios, desamores...Nada mais. Amores, esperanças, dias de sol e chuva...Nunca mais. E para quê afinal? Nada de respostas...Perguntas aos milhões...E o eco de mim como resposta...
Não quero mais morrer! Serei eterna em mim mesma. Outras trilhas se avizinham....Não há o que fazer a não ser seguir."
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