terça-feira, 15 de novembro de 2011

Música

Há algum tempo senti necessidade de dizer sobre as músicas que compõem a minha trilha sonora. Algo que demonstrasse as vivências marcantes que tive e que tiveram uma música especial de fundo. Assim, sem mais nem menos. Talvez porque música pra mim é como o ar. Importantíssimo. O que não quer dizer que toco um instrumento. Até que tentei por algum tempo tocar violão, e apesar de ter ritmo e afinação percebi que aquela coisa de decorar as cifras das músicas não era minha praia. Parei de tocar quando meus dedos já tinham calos e já não doíam ao tocar as cordas. Gostava mesmo era de ouvir música. Lembro-me bem que quando fui morar fora de casa, lá em São Paulo, e depois em Belo Horizonte, quando a saudade batia (na verdade quando não é apropriado, mas hora sim e outra também), a primeira coisa que me ocorria era a necessidade de ouvir música. Na época, ela vinha de um rádio relógio que meu pai providenciou, antes de minha partida. Adoro ouvir rádio. Mas aquelas que mais tocam do que conversam. O que são poucas e raras no comércio atual. Mas, voltando à questão da trilha sonora, percebi que seria muito difícil listar todas elas, pois são mesmo muitas. Pensei então em  cerceá-las às dez mais, mas me embaralhei ao escolher quais comporiam esta lista. Decidi que seriam aquelas mais tocantes, que compusessem algo mais que simples músicas, algo primário e visceral: o som do vento num bambuzal...a chuva caindo lá fora... o canto do sabiá laranjeira, do canário chapinha, do melro, do pintassilgo... O chapinha começa a cantar de madrugada, entre quatro e meia e cinco horas e é muito gostoso de ouvir e perceber o sol chegando devagarinho, como se ele também estivesse com preguiça de levantar. Para os amantes do dia, é a hora primeira do amor, aquele pra começar o dia de bem com a vida... O sabiá canta muito a tardinha e é um canto bonito e tristonho, como se ele também se despedisse do dia e abrisse o caminho para a noite. O som desses seres alados e delicados evocam em mim os pés descalços na terra de minha infância, o vento balançando os cabelos, e a vontade louca de liberdade que eles vivem...Quanto a minha trilha sonora...voltaremos nela mais tarde. Mesmo. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Li e gostei...E chorei...

"[...]Caro Sammy:
Aquela putinha esteve aqui a noite passada; você sabe, Sammy, a gringa nojenta com aquele corpo todo e a cabeça de uma débil mental. Ela me apresentou algumas coisas parecidas com textos supostamente escritos por você. A seguir ela afirmou que a foice da morte está muito perto do seu tuberculoso pescoço. Em circunstâncias normais, eu diria que é uma situação trágica. Mas tendo lido o lixo que seus originais contêm, deixe-me falar com toda franqueza que seu passamento será um benefício para toda a humanidade. 
Você não escreve bosta nenhuma, Sammy [...]
Aí estava, liquidado, devastador. Dobrei os originais, coloquei a nota com eles dentro de um envelope grande, selei, pus o endereço para Samuel Wiggins, posta restante, San Juan Califórina, selei, e enfiei no bolso. Desci e fui até a caixa do correio na esquina. Passava um pouco das três de uma madrugada sem igual. O azul e o branco das estrelas eram como cores do deserto, uma delicadeza  tão arrepiante que eu tive que parar e pensar que poderia ser tão agradável. Nenhuma folha das palmeiras sujas se mexia. Nem um som.
      Tudo que havia de bom em mim tremeu no meu coração naquele momento, tudo o que eu esperava no sentido profundo e obscuro da minha existência. Aí estava a infinita placidez muda da natureza, indiferente à grande cidade; aí estava o deserto debaixo dessas ruas, esperando a cidade morrer, para cobri-la com areias imemoriais de novo. Me sobreveio uma apavorante consciência do significado e do destino patético do homem. O deserto estava sempre ali, um paciente animal branco, esperando as pessoas morrerem, as civilizações passarem e sumirem na escuridão. Naquele momento, os homens me pareceram valentes, e eu fiquei orgulhoso de ser um deles. Todo o mal do mundo não parecia mal, mas inevitável e coisa boa e parte daquela luta sem fim para manter o deserto lá embaixo.
Olhei para o sul, na direção das grandes estrelas, e eu sabia que praqueles lados ficava o deserto de Santa Ana, que debaixo das estrelas numa cabana havia um homem como eu, que talvez seria engolido pelo deserto antes de mim, e em minhas mãos eu tinha um esforço seu, uma expressão da sua luta contra o silêncio implacável em direção ao qual ele estava sendo arrastado. Assassino ou garçom ou escritor, não importa : seu destino era o de todo mundo, seu fim, meu fim; e aqui de noite nesta cidade de janelas escuras havia outros milhões como ele e como eu: inseparáveis como folhas da relva que vão morrer. Viver é um troço duro. Morrer é o trabalho máximo. E Sammy ia morrer logo.
    Parei diante da caixa do correio, encostei a cabeça nela, e morri de pena de Sammy, e de mim, e de todos os vivos e de todos os mortos. Me perdoa Sammy! Perdoa um imbecil! Voltei para meu quarto e levei três horas escrevendo a melhor crítica sobre seu trabalho que eu podia fazer. Não disse que isto estava ruim ou que estava errado. Disse que isto, em minha opinião, seria melhor assim, e assim, e assim por diante. Fui dormir lá pelas seis, mas foi um sono feliz. Como eu era uma pessoa maravilhosa! Um homem gentil, de fala mansa, um grande homem, amando igualmente todas as coisas, homens e animais."

Esse é um trecho (p. 121 a 123) do livro "Pergunte ao Pó", de John Fante, escrito em 1939. Fante, escritor inspirador de Charles Bukowiski, da geração beatinik... Mais, recomendo a leitura de todo o livro. É implacável!

domingo, 2 de outubro de 2011

Miscelânea...E um pedido de ajuda.

      Há alguns dias, lendo o blogexperimental, deparei com uma poesia incrível, que se apresenta em latim: Post blanda veneris, cujo significado vai ficar assim mesmo, oculto para nós, leigos e mortais. A poesia é maravilhosa devido ao tema, às imagens e movimentos que desencadeia. Faz parte de uma coletânea chamada Carmina Burana...Lá fui pesquisar o que era aquilo. Pois bem: Carmina Burana é uma coletânea de poemas medievais, escritos entre os séculos XI, XII e XIII, encontrada num monastério na Baviera, Alemanha. Foram escritos por clérigos vagantes, que se formaram dentro da instituição católica, mas que não assumiram de fato a função de padres. Eram altamente letrados, intelectuais, e não deviam obrigações a nenhuma ordem da Igreja. E muito menos a nenhuma ordem feudal. Eram LIVRES, num mundo de vassalagens...Suas poesias formam uma crítica ao contexto medieval em vários aspectos. Foram chamados de goliardos, e promoveram uma mudança na forma de se escrever poesias que influenciaram um leque imenso de poetas ao longo dos séculos, chegando até a Geração Beat! Descoberta que me tirou o fôlego...Carmina Burana deu origem a uma ópera de mesmo nome, de um outro alemão, Carl Orff, escrita no século passado, que é arrebatadora...Acabei comprando o livro e baixando a ópera no Youtube pra compreender melhor tudo aquilo. Porém, o livro não traz todos os poemas do Carmina, apenas os escolhidos pelo Carl Orff para comporem sua obra. Agora estou pensando em como fazer para adquirir os tais poemas medievais em sua totalidade, se é que é possível. Se alguém puder me ajudar nessa empreitada, adoraria.
Vai um trechinho de uma dessas pérolas:   
Queimando interiormente

Queimando interiormente
numa ira violenta,
com extrema amargura
falei à minha mente:
criado da matéria, 
das cinzas dos elementos,
sou como a folha
soprada pelos ventos.
[...]
A esmo sou levado
como uma nave sem piloto,
e pelos ares voo
como um pássaro ao sabor dos ventos,
correntes não me prendem,
chaves não me trancam,
eu procuro os que semelham, 
e me uno aos desajustados.
[...]
Eu vou pelos largos caminhos,
como são os da juventude, 
eu me entrego aos vícios
e me esqueço das virtudes,
desejoso de volúpias,
muito mais que de salvação,
morto em minha alma,
à minha carne me devoto.

Descobre-se uma outra Idade Média, como já suspeitava, dinâmica e desejosa de mudanças. Muitos desses poetas, intelectuais, foram condenados a morte por tais ousadias...
 E como uma coisa leva a outra, voltei a ler Pergunte ao Pó, de John Fante, escritor que inspirou a geração beatnik. Publicado em 1939, conta a história de Arturo Bandini, um aspirante a escritor nos Estados Unidos, e começa assim:
Uma noite, eu estava sentado na cama do meu quarto de hotel em Bunker Hill, bem lá no centro de Los Angeles. Era uma noite importante na minha vida porque eu tinha que tomar uma decisão importante sobre o hotel. Ou eu pagava ou caía fora: era isso que a nota dizia, a nota que a proprietária tinha enfiado por baixo da minha porta. Um grande problema, que merecia muita atenção. Resolvi o problema apagando a luz e indo pra cama.  
É mais um daqueles que você não consegue largar...
Agora, estou pensando nas músicas que compõem meu estar aqui...

domingo, 11 de setembro de 2011

Li e gostei...Algo sobre a lua...

Um dos textos mais bonitos e estimulantes que já li faz parte o livro Palomar, do escritor cubano-italiano Ítalo Calvino, e chama-se Lua do entardecer
    "Ninguém observa a lua do entardecer, e no entanto é nesse momento que o nosso interesse por ela seria mais necessário, já que sua existência encontra-se ainda em estado de expectativa. É uma sombra esbranquiçada que aflora do azul intenso do céu, carregado ainda de luz solar; quem nos assegura que ainda desta vez irá adquirir forma e luminosidade? Parece tão frágil e pálida e sutil; só numa parte começa a adquirir um contorno nítido como um arco de foice, enquanto todo o resto permanece ainda embebido no azul-celeste.É como uma hóstia transparente, ou uma pastilha meio dissolvida; só que o círculo branco não está se desfazendo mas se condensando, aglomerando a custo as manchas e sombras cinzentas azuladas que não se sabe se pertencem à geografia lunar ou são babas do céu que ainda empapam o satélite poroso como se fosse uma espuma." E por aí ele vai descrevendo cada fase desse processo com uma lucidez e uma poesia impressionantes.
Todo vez que o leio, é como se ouvisse uma sinfonia grandiosa e suave ao mesmo tempo, tamanha é a excitação que me provoca, devido à sucessão de imagens desencadeadas em minha mente. É como um êxtase...
Esse texto foi sugerido por uma professora da PUC/MG (cujo nome me escapa, infelizmente), na minha Pós-Graduação em Planejamento Estratégico e Sistemas de Informação, no meio do anos 1990. O objetivo era compreender e relacionar o pensamento e o método científico... Lembro-me dela e de sua alegria em compartilhar seus conhecimentos conosco. Das coisas todas que aprendi nessa pós, o que mais me tocou foram as indicações de leituras sugeridas por todos os doutores e Ph Ds do curso. Foi nessa época que devorei a saga  O Senhor dos Anéis, iniciando pela leitura do Hobbit, após um belo toque de meu saudoso  e querido primo Fernando. Fica aqui a indicação de leitura e a certeza de irão se divertir por demais... E sobre ela, uma música que também compartilho sempre... Quanto às imagens, sugiro que a observem no céu, pois estamos na cheia de setembro. 


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nosso precioso tempo.

Ando a cismar sobre nosso breve tempo nesta vida. Penso que fomos todos feitos para morrer de velhice. Quando acontece antes, não é natural. A não ser quando nosso próprio corpo assim reage. Passei a lembrar de todos os velhinhos com os quais andei convivendo durante esses anos. Há um momento em que deixam simplesmente de lembrar onde estão, o que estão fazendo. Dona Divina, uma vizinha muito amiga da família, morreu com mais ou menos noventa anos, pensando que seu namorado de infância estava vindo visitá-la. Suas filhas, pacientemente concordavam com tudo o que dizia. Ela sorria feliz da vida... Meu pai passou por isso antes de morrer. Perguntei pra ele, num momento de calma e lucidez, como se sentia em relação a esses lapsos de memória, e ele me olhou no fundo de meus olhos e respondeu, calmamente, que simplesmente não sabia como ele foi se sentar na cadeira do alpendre. "-Não me lembro de como vim parar aqui. Se me dizem que é hora de comer, como, se me dizem que é hora de dormir, vou pra cama. Estou assimSim filha, é a ação deletéria do tempo. Não há o que fazer." Até agora fico impressionada com a coragem,serenidade e dignidade de meu pai diante do que lhe ocorria...Estava velho e percebia que o fim lhe era próximo. Ficava horas sentado na varanda a olhar o que se passava na rua, nas árvores diante da varanda, os animais trançando de um lado pra outro. Inventava lembranças, quando os fatos que realmente ocorreram turvavam-lhe na memória...E sempre agradecia nossos gestos de carinho. 
Agora, minha mãe chegou nessa fase de esquecimentos. Um sábado desses, quando íamos numa festa de aniversário, levei-a ao salão para cortar e pintar seus cabelos. Andamos de braços dados, como ela fazia comigo quando criança - agora sou eu quem a amparo e cuido pra que fique no canto do passeio. Pouco antes da hora de irmos pra tal festa, minha mãe foi se aprontar. Tomou outro banho e lavou a cabeça novamente. Falei pra ela: -Putz mãe, desmanchou a escova que a Helena fez... Ela me olhou e disse: Oh! Esqueci... Caímos na gargalhada....Essa é uma característica  da família dela, que herdamos com o maior prazer: rir de nossas fraquezas. Somos meio que palhaças de nós mesmas. Percebi então que estas coisas fazem parte de nossa programação para partirmos...E quem sabe recomeçarmos em outra dimensão. Não sei nada, não tenho ideia do que pode ocorrer. Tudo é especulação. Mas uma coisa é certa: temos um determinado número de anos para vivermos ESSA vida. Nada mais. E quanto de nosso precioso tempo celebramos e agradecemos por estarmos  aqui? Assim, respirando e observando maravilhados a vida?...  

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Mais uma vez, e sempre...

Do ponto de vista histórico existem períodos que muito me impressionam, alguns de maneira especial: final do século XIX, os anos 1920, os anos 1950, 60, a chamada Pré-história... Mas nada se compara ao que vivemos a g o r a. Ué, não poderia ser de outra forma. Se eu escolher qualquer um, será sempre a partir do que vivencio já. Então, partindo daqui pra aqui mesmo, fico pasma com a falta de memória que grassa. Isso é ruim porque parece que andamos em círculo, repetindo eternamente ideias, ações. Há uma prática moralista, carcomida e cheia de lodo, que proíbe um monte de coisas. Não faço apologia a nada, mas historicamente e por experiência, sabemos que tudo que é proibido, parece, de certa forma, mais gostoso, atraente. Ao invés de se proibir, esclareça e dê opções, alternativas. Vê e põe reparo na legislação e na discussão sobre drogas e aborto. Dois temas espinhosos porque, apesar de considerados ilegais, só tem aumentado o número de usuários e práticas abortivas. Estão aí as estatísticas demonstrando que não estou viajando...Vá lá saber o que leva uma pessoa a buscar esse agir! 
Penso que liberdade é algo pelo qual ainda devemos lutar. E uma coisa é muito, muito certa: o que de fato possuímos mesmo é o nosso corpo. Sem ele...Então, amo aquela frase anarquista: sobre mim, apenas o céu.     
Liberdade rima com respeito ao próximo, com responsabilidade  - sem caretice, por favor... 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Agosto a gosto!

Agosto chega soprando muito e levando/trazendo poeiras, ou novidades, como queira. O vento sempre mexeu com meu íntimo. Reporta-me mudanças. Fim de um semestre, começo de outro, que nos leva ao fim de ano, início de outro. É isso que me dá, esse tal mês de agosto. Há muito tempo, quando criança, li, naquela coleção "Tesouro da Juventude", um texto sobre o vento. Quando ele chegava, tirava tudo do lugar, trazendo coisas, levando coisas. Para seguirmos vivendo, necessitamos disso. Sabemos, e no entanto, não é algo simples e fácil de se fazer. Porque mudar implica sair de uma zona confortável e segura, para ir a um lugar/situação que presumimos melhor. Penso que vivemos, todo o tempo, por mais que planejemos o dia-a-dia, numa absoluta incerteza do que realmente será. E o vento desperta em mim esse limite na racionalidade. A natureza sempre ensina, dirão. 

Escultura no alto do Morro Redondo, Distrito de Ipoema
Nesse julho, numa dessas clicadas na rede, visitei uma página que me chamou a atenção pelo título: Psiconautas. Para minha surpresa, ao comentar uma postagem, entabulei uma conversa prazenteira com um dos  blogueiros. E conversa vai, conversa vem, fiquei sabendo que são um grupo de pessoas que curtem escrever e ler poesias. Criaram um outro blog: O Brilho da Pedra, onde postam o que produzem. Dependendo do seu ponto vista, o mundo pode ser muito grande, ou muito pequeno, não é? Então, eles são daqui mesmo. E, melhor, me convidaram para participar do blog deles. Incrível! Nunca os vi, realmente. Mas estão por aí, publicando poesias e textos interessantes. Virei fã! Na verdade, fazem algo que sempre curti muito: saraus. Espero sinceramente que isso não seja apenas uma onda do inverno, e que possa durar muitos verões. Vale a pena dar uma olhada no que produzem. 

domingo, 31 de julho de 2011

Aula de Campo - Um brinde ao retorno das aulas

Meu primeiro contato com o professor Santos de Souza Guerra foi na sala de aula, no curso de Estudos Sociais da FACHI, bem antes da Funcesi. Início dos anos 1990. Dava aulas de Geografia. Tinha uma característica que logo me chamou a atenção: falava baixinho. Após sua entrada, murmurava uma saudação e se postava ao lado da mesa do professor, iniciando sua aula. A turma tinha que fazer silêncio quase absoluto para entender o que dizia. É uma pessoa sagaz e de um humor fino. Ele "sorri com os olhos", tamanha discrição. Mas não se percebe isso logo de cara, não. Tem que se prestar atenção. "Por reparo", como se diz. Uma vez, numa excursão a Ouro Preto, depois de muito caminhar, fomos ao Museu da Inconfidência. Após um tempo visitando as dependências do Museu, o "Santin" (como o chamamos agora) sumiu. Voltei para procurá-lo e o encontrei deitado no chão de uma das salas. "Estou muito cansado, chega!", disse fitando o teto. De outra vez, numa aula de campo na Usina de São José, em Itabira, desafiou seus pupilos a subirem nas árvores. Quando vimos, lá estava ele, no alto de uma delas. A garotada adorou. Com ele aprendi a pensar e a amar o lugar onde moro. Uma aula que me marcou foi a que fizemos no centro histórico de Itabira. Num espaço de menos de cem metros, ele descortinou algo em torno de trezentos anos de história. Conseguimos viajar no tempo e no espaço, pois ele sai do local para o geral e retorna ao agora com uma leveza e encantamento que contagia a todos. Impossível não aprender desse jeito. Quem me dera conseguir realizar  um dedo mindinho dessa proeza com meus alunos. Tentar, a gente tenta... O "Santin" segue trabalhando na SME, no chamado NIEP (Núcleo Itabirano de Educação Permanente). Nossa última aula foi na zona rural de Itabira, no Distrito de Ipoema. O roteiro: Itabira, Estrada da Serra de Santo Antônio, Fazenda Santa Catarina, Povoado de São José do Turvo, Área urbana do Distrito de Ipoema, Morro Redondo, Povoado de São José do Macuco, Itabira. Oh,  região linda! Em cada ponto, registro de impressões, reflexões sobre o que a paisagem nos dizia, ou o quê conseguíamos decifrar dela. Tudo era observado: matas, estradas, posição e uso das construções, possíveis relações sociais e econômicas estabelecidas naquelas paragens...E lá fomos, construindo conhecimentos sobre nós mesmos... O Morro Redondo é um marco, por sua forma peculiar e por possibilitar um grande potencial turístico na região. Só amamos e conservamos aquilo que conhecemos e identificamos como importante. Esse é o propósito dessas aulas. O "Santin" escreveu dois livros encantadores sobre Itabira, "A Identidade do Espaço Rural Itabirano: percursos novos em caminhos antigos" e "Memória e Identidade Cultural - a diversidade das expressões culturais e folclóricas de Itabira", ambos publicados pela editora da Funcesi, com recursos do MEC. Infelizmente, não estão disponíveis para a comercialização. Espero que essa situação não perdure, e que ambos possam ser postos no mercado. As imagens a seguir foram feitas no dia. A região é linda. Vamos torcer que seja preservada por muitos e muitos anos. E que o turismo realizado por lá, não destrua esse paraíso.
Mirante da Serra de Santo Antônio-Itabira-MG


Mirante do Distrito de Ipoema-Itabira-MG- Morro Redondo ao fundo


Vista do Morro Redondo- Distrito de Ipoema-Itabira-MG
Vista do Morro Redondo- Distrito de Ipoema- Itabira-MG-Ao fundo, Serra do  Itambé.
Sede do Distrito de Ipoema- Itabira -MG

Aula de Campo

Meu primeiro contato com o professor Santos foi na sala de aula do curso de Estudos Sociais, na FACHI, bem antes da FUNCESI. Início dos anos 1990.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sobre o Festival de Inverno de Itabira.

Por quase onze anos, devido a questões muito pessoais, não participei dos Festivais de Inverno... Mas este ano resolvi que não perderia nenhum evento. Consegui ir a shows memoráveis: Babi Jaques e os Sicilianos foi sensacional. Kiko Klaus, Cobra Coral foram estupendos. Os que se apresentaram no Paredão, sabíamos que eram bons, mas, a qualidade da sonorização deixou-nos muito irritados, pois não conseguíamos entender o que os cantores cantavam. Uma lástima! O Bar do Deli ficou lotado de amigos que não via há um bom tempo...
Dancei muito na Matinada, ao som de excelentes bandas: DR80, Mudrond, Vil Metal, Pepeu Gomes, Tianastácia...Maravilha. Voltei, por alguns instantes, ao meus 15, 16 anos. Nunca se tocou tanto os anos 60, 70. Impressionante. Fiz várias reflexões sobre esse estado em que falamos, instintivamente, no meu tempo, quando nos referimos a algo muito bom que nos aconteceu, como se agora fosse um tempo que não nos pertencesse, e que é pior. Como se nada mais fizesse muito sentido hoje. Daí que, esse no meu tempo quer mesmo dizer quando era jovem fisicamente. Porém, considero meu tempo agora mesmo. E a música, essa atividade que nos transforma e religa ao que há de mais humanamente divino e sagrado na vida, consegue essa proeza. Como ficar imune ao som de uma guitarra quando sola um  Zeppelin, um Stone, um Doors, um Hendrix? Penso ser praticamente impossível. Amei todos os shows que participei.
Mas... Poderia ter ido a mais, não fosse uma agenda, pra mim, maluca.  Teve noites em que havia dois espetáculos quase no mesmo horário e em lugares diferentes. Trevoso! Imagina que colocaram uma apresentação de música barroca num templo evangélico! Credo. Nada contra. Mas estranhei...Ou será que não devia? 
Uma coisa que não consegui escapar foi da mania que temos de comparar períodos. Quando os festivais de inverno começaram em nossa cidade, há 37 anos, toda a programação de shows e teatros rolava no palquinho do Colégio Nossa Senhora das Dores. Era então o início dos anos 1970. Vi shows memoráveis: Marília Medalha, se não me engano O Têrço (foi a primeira vez que escutei As criaturas da noite e, viajei...), 14bis, Beto Guedes, Bedengó, Tarancón e muitos outros. Peças teatrais com textos do Bertolt Brecht, Cobra Norato. Esse espetáculo muito me surpreendeu por conta do jogo de cores ressaltadas pela utilização de luz negra. Hoje, isso é banal, mas naquela época...Mas mais que todos os espetáculos assistidos, o que ficou na lembrança e é o que propicia mais saudade era que íamos assistir, participar dos eventos num lugar aconchegante, quentinho. Depois sim, butecos mil até altas horas. E ás vezes, outras cositas mas. Puro deleite. A ideia de se construir um centro cultural em Itabira surgiu nesse período, pois ficou constatado que havia público e a necessidade de um espaço mais confortável e adequado para tal. 
Shows como os que aconteceram no estacionamento da Fazenda do Pontal seriam muito melhor apreciados se tivessem ocorrido no teatro da Fundação. E as peças de teatro apresentadas na praça Acrísio?  Todos excelentes para serem curtidos  atentamente e depois comemorados em rodas de conversas regradas a vinhos e mesmo cervejas. É que os festivais permitem reencontros de amigos e encontros novos.  Ao povo de Itabira: o teatro da Fundação é nosso. Que ele seja melhor aproveitado e que as autoridades deixem de lado o medo do povo e abram finalmente as portas do teatro para espetáculos de boa qualidade. Nós merecemos! 
No encerramento, aí sim, na Concha Acústica, fomos brindados com a Lúdica Música. Ficou com gostinho de quero mais. Muito mais.



quarta-feira, 20 de julho de 2011

Diante das denúncias, cada vez mais comuns, de corrupção nas obras do PAC, reli o texto abaixo no Blog da Marly e, pedindo licença a ela, divulgo o mesmo nesta página. Mesmo tendo sido escrito há algum tempo, num contexto diferente, permanece atual. É um verdadeiro manifesto de indignação profunda contra esse mal que insiste em permanecer nas ações políticas de nosso mundo. Evoé, Hilda Hilst!

"E.G.E.
(Esquadrão Geriátrico de Extermínio)
Crônica de Hilda Hilst para o "Correio Popular" de Campinas-SP
      O poeta pode ser violento. A maior parte das vezes contra si mesmo. Um tiro no peito, gás, veneno, um tiro na boca, como fez Hemingway, que também foi poeta em O Velho e o Mar; Maiakóvski, um tiro no peito; Sylvia Plath, gás de cozinha; Ana Cristina César, um salto pelos ares; etc etc etc. "Os delicados preferem morrer", dizia Drummond. Mas esta modesta articulista, sobretudo poeta, diante das denúncias feitas pela revista Veja, todos aqueles poços perfurados em prol de uma única pessoa ou em prol de amiguelhos de sua excelência, presidente da Câmara, senhor Inocêncio (a indústria da seca), e o outro com seu lindo carro às custas de gaze e esparadrapo... Credo, gente, quando você vê televisão ou in loco o povão famélico, desdentado, mirrado... Um amigo meu foi para o Ceará e passou os dias chorando! As crianças todas tortas, todos pedindo comida sem parar... e 500 toneladas de farinha apodrecendo... e montes de feijão desviados para uma só pessoa... (um parênteses, porque meu coração de poeta pede a forca, o fuzilamento, cadeia, cadeia para aqueles que se locupletam à custa da miséria absoluta, da dor, da doença). Gente, eu já estou uma fúria e para ficar mais calma proponho algumas coisas mais sutis, por exemplo: o Esquadrão Geriátrico de Extermínio, a sigla óbvia seria EGE. Arregimentaríamos várias senhoras da terceira idade, eu inclusive, lógico, e com nossas bengalinhas em ponta, uma ponta-estilete besuntada de curare (alguns jovens recrutas amigos viajariam até os Txucarramãe ou os Kranhacarore para consegui-lo) nos comícios, nos palanques, nas Câmaras, no Senado, espetaríamos as perniciosas nádegas ou o distinto buraco malcheiroso desses vilões, nós, velhinhas misturadas às massas, e assim ninguém nos notaria, como ninguém nunca nota a velhice. Nossas vidas ficariam dilatadas de significado, ó que beleza espetar bundões assassinos, nós faceiras matadoras de monstros!
      O curare é altamente eficiente, provoca rapidinho a paralisia completa de todos os músculos transversais (bunda é transversal?) e em seguidinha sobrevém a morte por parada respiratória. Ficaríamos todas ao redor do coitadinho, abanando: óóóó, morreu é? Um pedido ao presidente Itamar: severidade, excelência, é ignominioso, indigno, insultante para todos nós, deste pobre Brasil tão saqueado, que essas terríveis denúncias terminem no vazio, no nada, na impunidade. É sobretudo perigoso porque:
      de cima do palanque
      de cima da alta poltrona estofada
      de cima da rampa
      olhar de cima
      LÍDERES, o povo
      Não é paisagem
      Nem mansa geografia
      Para a voragem
      Do vosso olho.
      POVO, POLVO
      UM DIA.
      O povo não é o rio
      De mínimas águas
      Sempre iguais.
      Mais fundo, mais além
      E por onde navegais
      Uma nova canção
      De um novo mundo.
      E sem sorrir
      Vos digo:
      O povo não é
      Esse pretenso ovo
      Que fingis alisar,
      Essa superfície
      Que jamais castiga
      Vossos dedos furtivos.
      POVO. POLVO.
      LÚCIDA VIGÍLIA.
      UM DIA."
(Segunda-feira, 3 de maio de 1993)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Recesso...

O que antes era "férias de julho", com direito a pausa nas escolas de 30 dias corridos, virou recesso de 10 dias úteis. E nem por isso nossos estudantes melhoraram o desempenho. Enfim, para os nobres legisladores, quantidade é mais importante que qualidade (para quem ainda duvida, é só verificar os contracheques dos mesmos).
Então, vamos aproveitar um pouco pra aumentar nosso nível de leitura, e aí verificaremos que o recesso é mesmo muito pouco...Enfim, deixemos de lado esse contratempo e vamos a algumas dicas...
Dia desses, quando estava de bobeira na rodoviária em BH, esperando ônibus pra SP, descobri, escondido numa prateleira de uma daquelas livrarias um título que me intrigou por demais: "Quando o passado acabar - Ensaio contemporâneo sobre Estados Arcaicos", de um tal Alexssandro Oliveira. Curiosa como sou, resolvi saltar no escuro (mais uma vez), comprei o livro e tive uma bela surpresa. O rapaz é um filósofo, e seu livro- publicado em 2001 - foi prefaciado pelo professor de Filosofia da PUC, Alfeu Trancoso. Olhem só uns pedacinhos desse caminho que nos é propiciado no referido prefácio:
De há muito sabemos que a tarefa reflexiva requer um esforço e uma dedicação sem conta. [...] Ao refletir sobre o cotidiano, Alexssandro nos coloca diante da evidência radical: somos mais que sabemos e somos apenas um ponto (de vista) na infinita possibilidade deles. Saber é apenas o Ser em sua expressão pontual. O diálogo, a humildade socrática (sei que nada sei) nasce dessa consciência de que não sou nem sei. Certo de que a resposta dessa consciência terá sempre o destino de criar perguntas, pois em filosofia é a interrogação que permanece."  E então, o que vem depois é bem gostoso. Leitura agradável e instigante.
Mas, como todo mundo, não consigo ficar com apenas um título, resolvi começar a ler o famoso "A arte da guerra", de Sun Tzu. Já na introdução: "Diz a lenda que um nobre da antiga China certa vez perguntou ao seu médico, membro de uma família de terapeutas, qual dos seus familiares era o mais hábil na arte da medicina.
O médico, de uma reputação tão difundida que seu nome era sinônimo da própria ciência médica na China, respondeu: "Meu irmão mais velho percebe o espírito da doença e o remove antes que possa assumir qualquer forma, e por isso seu nome não sai de casa.
"Meu segundo irmão mais velho cura a doença quando esta ainda é bem pequena, e por isso seu nome não passa da vizinhança.
"Quanto a mim, perfuro as veias, prescrevo poções e massageio a pele, e por isso, de tempos em tempos, meu nome cruza as fronteiras e chega aos ouvidos dos nobres."
Demais esses asiáticos, não? E dá-lhe reflexão...
Quando estudamos a história da arte, nos deparamos com a riqueza de detalhes das artes chinesas e japonesa. Impossível não se encantar e refletir sobre as experiências vivenciadas por esses povos ao longo de sua existência. O que podemos aprender com eles? Fora esses exemplares interessantes, muita música e conversas intermináveis, com amigos, parentes e na rede. Amo os recessos! 

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Então, vejamos...: Essa tal de Educação...

Então, vejamos...: Essa tal de Educação...: " Ultimamente tenho andado sem muita paciência com o assunto. Muita gente fala,sugere. Todos têm uma sugestão genial para melhorar. Outro d..."

Essa tal de Educação...

  Ultimamente tenho andado sem muita paciência com o assunto. Muita gente fala,sugere. Todos têm uma sugestão genial para melhorar.  Outro dia fiquei pasma: numa cidade do interior paulista (se não me engano) oferece-se um salário de trinta e cinco mil reais para nefrologista... E não conseguem ninguém!
Simples. Arranjem voluntários na própria comunidade...Sejam criativos... Se discurso cola na educação...Por que não espalhamos essa ideia para todos os setores da sociedade? Já imaginaram? Voluntário na medicina, na engenharia civil, na economia, na advocacia....
Se a sociedade concorda com a política de voluntários na educação, por que não em outras áreas? 
Não que eu seja contra ao voluntariado. Pelo contrário. Mas, acredito que educar, desenvolver habilidades de leitura, escrita, lógica, interpretação, ética, não deve ser ato de amadores, diletantes. Deve ser ação de profissional bem formado(a), com permanente desenvolvimento, com tempo para descansar e repor a energia física e mental. Dar aula cansa, e cansa muito. Manter o interesse dessa geração Y ou qualquer outro adjetivo que espelhe o momento, numa sala com mais de 20 alunos...Sim, porque os governos, em seus gabinetes refrigerados insistem  em dizer que sala de aula com menos de 35 alunos é prejuizo econômico... Por falar nisso, há quanto tempo não se ampliam as vagas para medicina nas universidades federais? Por falar nisso, há quanto tempo não se acham alunos para os cursos de licenciatura?  Por falar nisso, quanto vale um bom professor? Em Itabira, pouco mais que 1.200,00 mensais. É querer demais, não é? É o que se paga no Mercado. 
Que eu me lembre, os cursos de formação de professor fecharam as portas há uns quatro anos. Rezo para que quando cair a ficha da sociedade brasileira, tenhamos condições de importar essa mão-de-obra de algum país mais "desperto pra coisa". Meu eterno agradecimento às irmãs Maria das Neves, Clara, da Anunciação, e dona Rosinha, minhas professoras primárias do Colégio Nossa Senhora das Dores. Ensinaram-me que estudar é uma grande aventura pra vida toda...Obrigada!

terça-feira, 15 de março de 2011

PORQUE CASAMOS.
Casamos quando aquela pessoa nos traz completude, tranquilidade. O mundo passa a ser a f i r m a t i v o. Mais do que paixão, que queima rápido, casamos quando estamos no controle de nosso desejo. É o salto no escuro mais consciente que fazemos. Por que o mundo é melhor com ela por perto, respirando o mesmo ar que respiramos. Casamos quando nos percebemos mais seguros, protegidos e confiantes. Ao lado daquela pessoa. Visceralmente. Quando isso acontece, estamos prontos para viver a {a}ventura de uma vida a dois.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O que dizer...

2010 foi um ano que começou, para mim, em lágrimas,  pelas mortes ocorridas logo no seu início. Todos os desabamentos e perdas de vidas... Chorei.  Cismei com o tema: Morte. Busquei informações e achei o chamado "O Livro Tibetano dos Mortos". Comecei a lê-lo, mas não conseguia dar continuidade.
Sempre curti muito o Budismo e todas as suas vertentes. É um novo, velho olhar sobre a vida e a morte. Mas, tão distante de minha realidade...Planejamentos de aulas, marido, casa, provas, cadernos de chamada, notas, alunos, família, filha... De vez em quando dava uma lidinha.
Em julho, meu marido faleceu, de septcemia....... Em setembro, meu pai faleceu........ ................................................................................................................................
................................................................................................................................
...............................................................................................................................
Ainda estou juntando meus cacos, se é que isso é possível, tamanho dilaceramento. Perdas, perdas, perdas....
A vida continua implacável... Os dias e noites se sucedem normalmente, e o que nos resta é seguir, mesmo que a vontade seja também d e s a p a r e c e r.... Li o Livro Tibetano, que virou livro de cabeceira da cama, mas nada, nada diminui a dor da perda de pessoas tão amadas.
Antes que este torvelinho ocorresse, andava refletindo,  em texto,  sobre o nos motiva a viver com outra pessoa...
Esta foto foi tirada, através de celular, em 30 de junho de 2009, num churrasco na casa de sua mãe,  um ano antes de sua partida, ocorrida em 27 de julho de 2010. Devanir Figueiredo Lage foi um homem de bem, guerreiro, e quem escolhi como meu companheiro de viagem.

Esta foto é de meu pai, Zumário Ferreira, dias antes de sua morte, na casa de minha irmã, Sueli. Ele já estava doente, e foi seu último passeio antes da internação final. Meu pai se foi em 26 de setembro de 2010. Sempre foi pela paz e união entre as pessoas.
Passaremos....